Fazer a Criança Comer
Fazer com que as crianças comam depende muito do estímulo e da criatividade. Conheça algumas táticas que podem evitar as birras dos seus filhos à mesa e transformar o tormento das horas de refeição em prazer e diversão para toda a família.
A maior parte das crianças não simpatiza com comida e, principalmente depois do primeiro ano de vida, começam a fazer birras à hora da refeição – porque não querem comer, porque não gostam disto ou daquilo, da cor, da forma ou até dos nomes dos alimentos. Antes que perca a paciência com a choradeira e parta para atitudes de força, lembre-se de algumas dicas que podem ajudar nesta batalha de vontades e apetites. Tome nota de três exemplos de sucesso.
Exemplos práticos com crianças
O Rui, por volta dos 3 anos, detestava sopa com nabos. Não comia “aquilo”, pronto! E a birra era daquelas de fugir a sete pés. Um dia, a mãe, num laivo mais de desespero do que de inspiração divina, disse-lhe que aquela sopa era de cenourinhas brancas. E puff, milagre! O único problema foi ele ter passado a gostar tanto daquele novo prato que o menu lá de casa passou a ser menos variado. Quanto aos nabos, sabe-se lá porquê, continuou a odiá-los. Por muito tempo.
Já o Marinho, ainda tão pequenino de quase mal sabe expressar-se mas com vasto currículo de birras para comer, sentou-se um dia à mesa, olhou fixa-mente para o prato e com as lágrimas a assomarem aos olhos protestou: “Arroz amarelo, não!” Tinha começado a ladainha das refeições, agora por causa de uma cor. Dizer-lhe que o açafrão usado como tempero dera cor mas não alterara o paladar do alimento que tinha à sua frente era inútil naquela idade. Um pouco hesitante, o pai contou-lhe uma história. A do arroz, que por vir de muito, muito longe, da China, apanhava muito sol até chegar ao prato dele e, daí, o seu tom “bronzeado”. E que na China todos os meninos bem queriam comer o arroz daquela cor, mas o deles era branco, porque não apanhava sol. Não foi uma história brilhante, é certo, mas resultou, pois enquanto a ouvia, o Marinho ia abrindo a boca e comendo o que tinha à sua frente.
Francisca não apreciava nada do que lhe pusessem no prato. Carne, peixe, legumes, era tudo “não presta”, “não quero”, “não gosto”. A sua boca permanecia fechada como uma ostra. Já saturada com as fitas da filha, mas ainda sem perder a esperança, a mãe lembrou-se de um pormenor muito simples: os miúdos – tal como os adultos, afinal – comem com os olhos e um prato atraente e divertido estimula o apetite. E fez a experiência: transformou uma porção de arroz numa cara, com uma cenoura fez um nariz, uma rodela de tomate tomou o lugar da boca e para os olhos arranjou dois feijões. Umas tiras de alface transformaram-se numa exuberante cabeleira verde. O boneco estava pronto e “olhava” fixamente para o bife que estava ao seu lado “com vontade de comê-lo”, disse a mãe. Foi tiro e queda: Francisca começou uma corrida para ver quem era mais rápido e, claro, foi a grande vencedora!
Obviamente que se tiver de puxar pela imaginação sempre que os seus filhos se recusarem a comer, não tarda quem começa a fazer birras é você. Mas não há razão para chegar a este estado de coisas, principalmente se seguir à risca dois aspectos fundamentais: incutir nas crianças, desde tenra idade, hábitos alimentares corretos e evitar certas atitudes.
Vamos, primeiro, aos hábitos:
Não se esqueça de um mandamento incontornável: a hora da refeição é sagrada. Este mandamento exclui a possibilidade de deixar o seu filho trocar a cadeira à mesa pelo sofá da sala, em frente do televisor. Ou seja, as refeições devem ser feitas à mesa, junto com o resto da família.
Mesmo que não queira comer mais, a criança deve permanecer sentada, podendo, talvez deliciar-se com uma história contada por si. Assim, além de distraí-la, essa atitude irá fomentar o diálogo familiar.
Lembre-se: o importante não é a criança comer tudo o que lhe põe no prato, mas antes alimentar-se em doses suficientes, retirando daí o máximo de nutrientes indispensáveis ao crescimento. E, agora, às atitudes que de¬ve evitar:
Quantas vezes proferiu frases do tipo: “Se comeres o peixe todo, o pai leva-te ao jardim”? Mas olhe que não vale a pena. Além de estar a ensinar as crianças a comer pelos motivos errados, o mais frequente é elas resistirem com boca de ferro à “chantagem”. A verdade é que, na maior parte das vezes, a criança recusa-se a jantar simplesmente porque, naquele momento, não tem apetite.
Por isso, não se preocupe: as suas reservas são limitadas, pelo que, no dia seguinte, a fome já será outra.
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