Influência das Cores

Mais do que uma questão de simples gosto pessoal, a influência das cores tem uma ação direta no nosso comportamento. Um caso ilustrativo é o dos hospitais. Se até há pouco tempo a cor dominante nos quartos e enfermarias destes edifícios era o branco, hoje em dia isso acontece menos. É que o uso total desta cor pode tornar-se stressante, pelo que o recurso aos tons pastel — considerados calmantes — está a generalizar-se. Segundo alguns arquitetos, esses espaços deverão ter o piso mais escuro do que a parede e esta mais escura do que o tecto, pois a defmição precisa destas áreas é-nos psicologicamente benéfica, proporcionando-nos segurança.

No que diz respeito às lojas que trabalham com produtos caros — que provocam ansiedade — as cores frias, como o azul e o verde, são as mais aconselhadas para a decoração, pois são calmantes e agradáveis.

Influência das cores na Publicidade

Estudos relacionados com a influência das cores efetuados em áreas tão diversas como a pintura, marketing, design de interiores ou psicologia confirmam que a luz das cores pode afetar diretamente o centro das emoções. Para Johannes Itten, pintor suíço que lecionou na famosa escola de arquitetura e desenho Bauhaus, “as cores são forças que irradiam energias que nos afetam positiva ou negativamente, quer estejamos cientes disso ou não.”

Não será novidade para ninguém que as cores quentes alegram e excitam, enquanto as frias acalmam. Talvez por isso, as pessoas alegres e extrovertidas tendam a preferir e usar as cores quentes e claras e as mais tímidas e introspectivas optem pelas frias ou escuras. Só que embora possamos reagir a determinadas cores de uma forma individual e subjetiva, a maioria das nossas respostas a este tipo de estímulo é semelhante.

Influência das cores no Ambiente

Também nas nossas casas o uso das cores deve ser ponderado. Para algumas consultoras de design de interiores, “um corredor pintado de uma cor escura provoca mal-estar, pois dá a sensação de
que as paredes estão a fechar-se sobre nós”. Também é desaconselhado o recurso a cores fortes em ambientes que frequente diariamente. Se pensa pintar de vermelho as paredes da sua casa, tenha em linha de conta que essa cor “pode incitar a sentimentos como tensão, agressão e paixão”, afirma a consultora.

Na decoração, por exemplo, a escolha das cores não deve ser feita tendo em conta apenas aspetos estéticos — é importante também optar por aquelas que possam elevar os nossos níveis de bem-estar.

Já reparou que grande parte dos restaurantes de fast-food usa o vermelho, o amarelo e o cor-de­-laranja na decoração? Não pense que isso se deve ao acaso. É que está comprovado que essas cores estimulam o apetite e, simultaneamente, fazem com que as pessoas não permaneçam no local por muito tempo.

A cor tem “gosto” e desperta emoções. Quem consegue resistir ao rosado apetitoso de um gelado de morango? Já as civilizações antigas reconheciam que as pessoas também comem com os olhos, o que explica o facto de se usarem corantes amarelos na manteiga há mais de sete séculos.

Experiências efectuadas na Universidade de Washington, EUA, provaram que a cor pode, de fato, influenciar o sabor da comida. Numa delas, um sumo de laranja foi tingido de verde (sem que o sabor fosse alterado) e dado a beber a pessoas que desconheciam de que bebida se tratava. Setenta por cento delas foi incapaz de identificar o sabor do sumo. Caso para dizer: a cada cor seu paladar…

Como nota final, deixamos-lhe algumas curiosi­dades que atestam que a cor pode alterar comporta­mentos e estimular determinadas reacções, muitas vezes sem sequer nos apercebermos disso:

  • Quando a ponte de Blackfriar, em Londres, foi pin­tada de verde, a taxa de saltos suicidas baixou 34%;
  • As galinhas mantidas num recinto vermelho comem menos;
  • Investigações mostram que a utilização de cores específicas pode aumentar a motivação, a concen­tração, a retenção da aprendizagem e a memória entre 55 e 78%;

Precisa de perder peso? O azul pode ajudar.  Mudando a luz do frigorífico, fazendo com que a comida adquira um tom azulado, ou colocando-a num prato azul, o seu apetite diminuirá. Isto talvez porque, na maioria dos casos, o azul não existe como uma cor natural para alimentos.

Uma pesquisa efectuada pelo American Institute for Biosocial and Medical Research, em Tacoma, EUA, provou que o rosa tem um efeito tranqui­lizante. Depois de se pintarem desta cor as celas de uma prisão, o nível de agressividade entre os presos decresceu. Houve também quem fizesse uso desta cor, mas com outros intentos. O norte-americano Hayden Fry, formado em Psicologia e treinador da equipa de futebol americano da Universidade de Iowa, pintou de cor-de-rosa o balneário utilizado pelas equipas visitantes. O objetivo era fazer com que os adversários perdessem energia e agressivi­dade, tornando-se assim oponentes mais fracos.

Diz-se que Vlaclimir Nabokov, Franz Liszt e Wassily Kandinsky tinham uma coisa em comum: a sinestesia, uma condição neurológica em que a infor­mação real recebida por um sentido é acompanhada pela percepção de outro sentido. Neste caso, isso sig­nifica que para o escritor cada som da língua tinha uma cor específica e que o compositor e o pintor viam cores quando ouviam música.