Segurança da Água Pública

A água da torneira com que enchemos os nossos copos é segura?

A resposta é sim. A qualidade da água é uma responsabilidade das autarquias e é regulamentada por directrizes emanadas pela União Europeia. Na sua essência, as directrizes explicam em pormenor a máxima concentração aceitável de qualquer dos mais de 100 potenciais contaminantes. A maioria das comunidades associa cloro na sua água potável para destruir as bactérias, os parasitas e outros organismos prejudiciais ou associa flúor para evitar as cáries dentárias.

Mas qualquer sistema de distribuição de água pode ser facilmente contaminado por infiltrações de substâncias químicas de ocasionais descargas difusas ou pontuais. Basta 1 g de um herbicida comum para contaminar 10 milhões de litros de água potável. Algumas redes de abastecimento estão mais em risco do que outras. Se estiver preocupado com a sua água, peça à companhia distribuidora um relatório sobre a pureza dela ou mande-a analisar a um laboratório independente.

Potenciais poluentes

A água da torneira provém de duas fontes principais: água subterrânea (furos e poços), que fornece mais de 50% do abastecimento, e água de superfície (rios e albufeiras), que fornece o restante. Em muitos países, o abastecimento provém em grande parte de estações de tratamento de águas residuais — por exemplo, nos EUA, 74%, na Alemanha, 86,5%, e na Suécia, 99%. Seja qual for a sua origem, a maior parte da água é desinfectada com cloro.

Porém, desinfecção não é igual a purificação. O cloro não destrói o Cryptosporidium parvum, um parasita que se encontra em pequenas quantidades na maior parte da água de superfície. Em concentrações elevadas, este parasita pode provocar distúrbios intestinais e outros sintomas semelhantes aos da gripe durante um período até três semanas. Os indivíduos mais em risco são os bebés, os idosos e pessoas com sistemas imunitários debilitados. Se o problema existe na sua área, ferva muito bem a água durante um minuto antes de a beber. Alguns filtros caseiros podem remover aquele organismo.

Alguns consumidores também estão preo­cupados com outras substâncias:

  • Cloro. Ironicamente, o processo de cloroniza­ção que ajuda a purificar a água cria subpro­dutos químicos que podem ser nocivos. Cada companhia distribuidora decide da sua utili­zação do cloro. Depois de um período de chu­va muito forte, a companhia pode adicionar uma dose particularmente grande de cloro para compensar a contaminação por descar­gas de esgotos. Quando o cloro actua sobre os ácidos das folhas, ramos e outras matérias ve­getais em decomposição que caem na água, forma trihalometanos (THMS), que, em grandes concentrações, podem causar cancro da bexiga e do cólon com o decorrer do tem­po. Porém, os benefícios gerais da cloroniza­ção são muito maiores do que o pequeno ris­co de a saúde ser afectada pelos THMS.
  • Nitratos. Geralmente um problema apenas das áreas rurais, os nitratos têm origem basicamen­te no escoamento dos fertilizantes, mas tam­bém provêm dos dejectos animais e humanos. Em grandes quantidades, reduzem a quantida­de de oxigénio transportada pelo sangue e são muito perigosos para as crianças pequenas.
  • Chumbo. Este mineral tóxico afecta os rins, os nervos e o cérebro, especialmente nos fetos, bebés e crianças. Basta 1g em 20 000 litros de água para a tornar imprópria para consumo. As canalizações de chumbo já não são usadas, mas, uma vez que o chumbo pode infiltrar-se na água a partir das canalizações, das soldas das uniões e mesmo das ligas das torneiras, pode­rá constituir problema se viver numa casa an­tiga ou numa zona onde a rede de abasteci­mento não é substituída há muitos anos. Para retirar o chumbo dos canos, a primeira coisa a fazer de manhã é deixar correr a água da tor­neira durante alguns minutos antes de beber. Existem Directivas Comunitárias, como a 96/61 (IPPC), relativa ao controle integrado da poluição, ou a 76/464, relativa às substâncias perigosas lançadas no meio aquático, que regu­lamentam as descargas no meio hídrico e previnem a qualidade da água.